quarta-feira, 2 de novembro de 2011

EVANGELHO: ÉTICA PARA O TERCEIRO MILÊNIO (texto)



                “ Não, o Espiritismo não traz moral diferente da de Jesus. Mas, perguntamos, por nossa vez: Antes que viesse o Cristo, não tinham os homens a lei dada por Deus a Moisés? A doutrina do Cristo não se acha contida no Decálogo? Dir-se-á, por isso, que a moral de Jesus era inútil? Perguntaremos, ainda, aos que negam utilidade a moral espírita: Por que tão pouco praticada é a do Cristo? E por que, exatamente os que com justiça lhe proclamam a sublimidade, são os primeiros a violar-lhe o preceito capital: o da caridade universal? Os Espíritos vêm não só confirmá-la, mas também mostrar-nos a sua utilidade prática. Tornam inteligíveis e patentes verdades que haviam sido ensinadas sob a forma alegórica. E, justamente com a moral, trazem-nos a definição dos mais abstratos problemas da psicologia.”  O Livro dos Espíritos item VII – conclusão (trecho)
                Os dois mil anos do Evangelho na Terra marcam um período decisivo na expansão de sua mensagem para a Humanidade.
                A história dos ensinos de Jesus guarda uma relação alegórica profunda com a tragédia do Calvário em três etapas bem definidas, quais sejam: a prisão, a crucificação e a ressureição.
                Numa primeira etapa desses milênios, assistimos ao aprisionamento da Boa Nova aos caracteres do intelectualismo, da traição, do poder, que foram constritores instrumentos da política; o “jogo de interesses” subornou a ingenuidade e comprou a pureza dos corações com ilusões e favores.
                Na etapa posterior, encontramos a crucificação da mensagem cristã ao madeiro humano e transitório das convenções dogmáticas que motivaram a salvação e oficializaram a intolerância e o fanatismo;  a esse período nominamos religiosismo.
                Estamos inaugurando, às vésperas do terceiro milênio, o período ético das lições do Senhor. É a ressureição magnificente da fé em bases racionais e moralizantes, que gera a mudança de comportamento.
                Nesse período ético da mensagem cristã, encontra-la-emos despida da interferência aprisionante da política e do formalismo religioso exterior.
                O Evangelho, que foi aclamado e reverenciado pela política e pela religião, também o será pela ciência no terceiro milênio. O método e a pesquisa, o raciocínio e a experimentação conceder-lhe-ão, nos séculos vindouros, o título glorioso de um tratado ético completo para a ordem social, a felicidade e a paz perseguidas pelo homem.
                Jesus, Guia e Modelo, deixou estabelecido o cânon ético-universal, não pertencendo a nenhuma instituição perecível o seu conteúdo.
                Mais do que nunca, nesse período de ressurgimento, assinalamos o homem espiritual cansado e oprimido na busca por Deus através do Novo Testamento. Conquanto a força implacável do materialismo, o homem pugna em clamores pelo espírito da moral e dos bons costumes para a regência de uma ética relacional de bem e honestidade. E Jesus é o nome mais mencionado.
                Nesse contexto, coube ao Espiritismo a missão de ser o primeiro degrau para o entendimento da Boa Nova sob o prisma da lógica, do bom senso e da razão, caracterizando com excelsitude  os textos evangélicos com uma exegese lúcida e plena de habilidade para extrair a essência, eminentemente profunda e libertadora, da moral sublime das parábolas, do Sermão da Montanha, das cartas paulinas e de fatos extraordinários da vida do Cristo.
                Apesar da Doutrina constituir o ressurgimento e atualização da moral cristã, preciso se labore por estabelecer pontes entre o conhecimento espiritual e todas as fontes de saber humanos, a fim de que essa chave trazida pelos espíritos superiores se estenda a outras plagas, levando lenitivo e espiritualizando os variados segmentos do saber da humanidade.
                O Terceiro Milênio se deflagra e o ressurgir do Calvário se efetua plenamente na antevéspera da Era Nova.
                É Jesus-mensagem, livre do despotismo e do interesse, que se apresenta sob os auspícios da imortalidade, assim come fez com Maria Madalena, a mensageira da vida imortal.
                Essa inexistência da morte, que terá o aval da pesquisa científica, fará com que o texto mais corrompido da Humanidade seja declarado como compêndio da saúde, do bem, da liberdade autêntica, e então compreenderemos melhor porque a moral espírita é toda estribada na Boa Nova.
                Os trabalhadores espíritas carecem de uma reflexão mais acurada sobre a urgente necessidade de resgatarmos o elo e o contato com estudos espíritas do Evangelho.
                Não se trata de biblismo místico e dogmatizante, longe disso. Mas de descobrir, pelo estudo profundo dos fundamentos doutrinários e por uma visão progressista da cultura espírita, o quanto a hermenêutica pode adquirir uma explanação confortadora e luminosa, motivadora de uma vivência saudável. Esse estudo, seguido de uma meditação, em ambientes apropriados de nossos centros espíritas, constituirá lidimas iniciativas de maturidade espiritual, será o alento imprescindível à nossa caminhada, será o mergulho na intimidade donde extrairemos refazimento e sintonia com as forças superiores da vida.
                A questão decisiva é a vivência.
                Somente quem fizer da ética de Jesus o seu modo de vida terá como envolver os mais enregelados e sensibilizar os mais distraídos.
                Paz a todos.
Cícero Pereira.

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